O
filme nos remete a década de 40, quando tem fim uma das mais sangrentas e
desumanas das guerras, a Segunda Guerra Mundial. Os países aliados, que puseram
fim as atrocidades cometidas por Hitler e seus comandados, reuniram-se em
Nuremberg, na Alemanha, para decidirem o destino de oficiais nazistas, julgados
pelas barbáries que cometeram em nome de uma causa que achavam justificadas em
leis, por eles mesmos criadas.
Os fatos que deram origem a
Segunda Guerra Mundial podem ser vistos como um conjunto incomensurável de
situações únicas, jamais vistas, que desencadeou uma avalanche de medos e
reações de dimensões que até hoje nos surpreendente e nos deixa, ainda,
indignados. Mas, de todos os aspectos deste triste momento da história, os
crimes contra os direitos humanos cometidos pelos nazistas do Partido Nacional Socialista
Alemão, são o retrato mais fiel do poder destrutivo do ser humano contra seu
próximo.
A atrocidade
do Holocausto, nome dado ao extermínio de milhões de pessoas que, segundo eles,
eram como se fossem ratos e faziam parte de grupos politicamente indesejados pelo
então regime nazista, é tamanha que não pode ser analisada de forma imparcial
e é na frase escrita pelo próprio Hitler em sua obra, “Mein Kampf” (Minha luta),
citada abaixo, que podemos realmente perceber a psicose do líder político, que
fez com que o seu ódio pelos judeus, negros, deficientes físicos, ciganos e
outros grupos de excluídos, se transmitisse a todos os demais membros da alta
cúpula do governo, sobre o seu comando, pois todos aprendiam, ainda no ensino
básico que esse “tipo de gente” era considerado vermes, ratos, menos seres
humanos.
“Poderia
haver uma sujidade, uma impudência de qualquer natureza na vida cultural da
nação em que, pelo menos um judeu, não estivesse envolvido? Quem,
cautelosamente, abrisse o tumor haveria de encontrar, protegido contra as
surpresas da luz, algum judeuzinho. Isso é tão fatal como a existência de
vermes nos corpos putrefatos.” (Adolf Hitler – Mein Kampf)
Hitler,
em nome da chamada purificação da raça humana, não mediu esforços, tampouco
sentiu qualquer remorso, ao contrário, se achava justificado em suas próprias
leis, como já dito, para todos os atos repugnantes praticados. Para a
efetivação de seus desmandos, quebrou todos os contratos, convenções e acordos
internacionais que lhe impedissem de concretizar o seu intento. Mas sem sombra
de dúvidas, foram os direitos humanos os mais transgredidos.
Após o final da 1ª Grande Guerra Mundial, a Alemanha
sofreu com as fortes imposições do Tratado de Versalhes, fazendo nascer a
partir daí, um sentimento de revanchismo e revolta entre a população. A
indenização absurda imposta ao derrotados na guerra enterrou de vez a economia
alemã, já abalada pela guerra. As décadas de 1920 e 1930 foram marcadas por
forte crise moral e econômica na Alemanha (inflação,
desemprego, desvalorização do marco). Terreno fértil para o surgimento e
crescimento do nazismo que levaria a Alemanha para um outro conflito armado, a Segunda
Guerra Mundial.
Assinado em 28 de
junho de 1919, o Tratado de Versalhes foi um acordo de paz assinado pelos
países europeus, após o final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Neste
Tratado, a Alemanha assumiu a responsabilidade pelo conflito mundial,
comprometendo-se a cumprir uma série de exigências políticas, econômicas e
militares. Estas exigências foram impostas à Alemanha pelas nações vencedoras
da Primeira Guerra, principalmente Inglaterra e França. Em 10 de janeiro de
1920, a recém criada Liga das Nações (futura ONU) ratificou o Tratado de Versalhes.
Algumas exigências impostas à Alemanha pelo Tratado de Versalhes:
- reconhecimento da independência da Áustria;
- devolução dos territórios da Alsácia-Lorena à França;
- devolução à Polônia das províncias de Posen e Prússia Ocidental;
- as cidades alemãs de Malmedy e Eupen passariam para o controle da Bélgica;
- a província do Sarre passaria para o controle da Liga das Nações por 15 anos;
- a região da Sonderjutlândia deveria ser devolvida à Dinamarca
- pagamento aos países vencedores, principalmente França e Inglaterra, uma indenização pelos prejuízos causados durante a guerra. Este valor foi estabelecido em 269 bilhões de marcos.
- proibição de funcionamento da aeronáutica alemã (Luftwaffe)
- a Alemanha deveria ter seu exército reduzido para, no máximo, cem mil soldados;
- proibição da fabricação de tanques e armamentos pesados;
- redução da marinha alemã para 15 mil marinheiros, seis navios de guerra e seis cruzadores;
Um dos mais importantes tratados internacionais em que foram signatários as principais potências europeias, foi a convenção assinada em Genebra em 22 de agosto de 1864, com o objetivo de amenizar o sofrimento dos militares nos exércitos em campanha, com tratamento mais digno e humanitário ao militar ferido no campo de batalha.
Essa comissão genebrina, que teve
na origem da convenção de 1864 foi revista, a fim de se estenderem seus
princípios aos conflitos marítimos (Convenção de Haia de 1907) e aos
prisioneiros de guerra (Convenção de Genebra de 1929). Em 1925, outra
Convenção, igualmente assinada em Genebra, proibiu a utilização , durante a
guerra, de gases asfixiantes ou tóxicos, bem como de armas bacteriológicas. As
convenções sobre soldados feridos e prisioneiros de guerra foram revistas e solidificadas
em três convenções celebradas em Genebra em 1949, sob os cuidados da Comissão
Internacional da Cruz Vermelha. Na mesma ocasião, foi celebrada uma Quarta
convenção, tendo por objetivo a proteção da população civil em caso de guerra.
Mas, os nazistas falsificavam cartões e salvo-condutos da Cruz Vermelha e
induziam as suas vítimas a acreditarem que estavam sendo amparadas, quando na
verdade estavam sendo conduzidas ao extermínio.
Assim, é imensurável a quantidade
de fatos inescrupulosos que ocorreram durante a 2ª Guerra Mundial, mas é inegável
que o julgamento, com a absolvição de alguns e a condenação de muitos dos
criminosos de guerra pelo Tribunal de Nuremberg, mesmo a contragosto de muitos,
dizendo que tal tribunal seria um tribunal de exceção e também violava os
direitos humanos, foi o legado ao mundo aos que se dizendo amparado por normas
“legais” praticam desmandos, desrespeitando acordos internacionais que violam
os direitos humanos e ferem o que o ser humano tem de mais precioso, a vida com
dignidade.
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